Uma vez por ano, a base aérea do Campo de Marte recebe muitos convidados ilustres; mas engana-se quem pensa que eles têm asas.
Lugar que já foi palco de grandes bandas, como o Black Sabbath em 2013 dessa vez serviu esse largo espaço para centenas de personagens de quatro rodas.
Dentre um cromado e outro, Eldorados e Impalas esbanjavam a grandiosidade de um tempo em que a arte tinha forte papel no design de um carro.
Camaro, Charger, Coronet, Mustang, Pontiac Trans Am e tantos outros americanos traziam seus musculosos V8 em cores, presença e excesso de torque na traseira.
Fuscas e mais Fuscas, cada qual com sua cor e acessórios/ itens de personalização mostrando que é possível ter um besouro literalmente único. Ao lado de outros familiares da VW, eram nostalgia nacional pura.
Chevettes e Opalas em suas várias séries e gerações fizeram jus à gravata e o Willys Interlagos veio em grupo, mostrando a era romântica de nosso automobilismo.
Comes e bebes ao som de boa música ao vivo criava um ambiente familiar, onde crianças encantadas com vários automóveis reluzindo o melhor de seus tempos, ouviam histórias de outras crianças (essas já um tanto quanto crescidas), que contavam fatos de quando viveram momentos ímpares junto daqueles carros.
No stand do Rally Clássico – São Paulo, vários modelos dos anos 90 dividiam espaço com as típicas pick ups norte-americanas e muscle cars raros e prontos para a próxima prova.
Ao lado, no espaço da Old is Cool Motors, uma variedade de brinquedos: dos fora de série Miura Sport em sua monocromia, do raríssimo Malzoni GT e das clássicas e viscerais Pumas, ao exagero dos americanos Corvette Stingray 1978, do Cadillac Coupe De Ville e do Galaxie 500, junto aos belos representantes dos anos 90: Volvo 850 T5-R, BMW M3, Passat VR6, Golf GTI, Kadett GS, ou do glamour da Mercedes-Benz 350 SLC e do Jaguar XK8, até da casa sobre rodas, também conhecida como Kombi Safari (feita pela Karmann Ghia) e claro, do nosso querido táxi curitibano, com 7 lugares e muita história ruim para contar. Enfim, carro pra tudo que é gosto.
Ao fundo, um hangar de portas abertas abrigava alguns tesouros: a Ferrari Testarossa na clássica cor vermelha, com suas icônicas aletas longitudinais da lateral e toda sua história específica (trouxe um conforto quase que inédito na época para os modelos da marca) e seu motor central de 12 cilindros opostos parecia acanhada perto do absurdo volumétrico amarelo, da singularidade e maravilha da arte automotiva chamada Lamborghini Diablo. Se mais de três décadas depois ela ainda tem um design tão icônico, imagine só à época em que foi lançada. Grandes entradas de ar para resfriar seu imenso V12 e rodas que são uma obra de arte à parte. De tão estupenda, parecia irreal (certos espectadores, de tão incrédulos, diziam se tratar de uma réplica) estarmos diante desse bólido, que na porta aberta ‘’em tesoura’’ era possível ver a placa de Sant’Agata Bolognese, contendo números e informações deste que é um dos maiores expoentes de todos os super esportivos do planeta.
Se você acha que acabou por aí, outro engano. Essas duas beldades italianas dividiam espaço não com um, mas com três DeLorean! Um deles, inclusive, todo paramentado com os acessórios do filme, em cima de uma carreta, essa então puxada por uma Toyota Hilux igual à do personagem Marty McFly, incluindo a faixa da concessionária, idêntica à das cenas do filme. Tivemos até a ilustre presença de uma criança apaixonada pelo longa metragem, que estava vestida à rigor, como um McFly mirim. Das telas para o hangar, do hangar para a memória de muitos.
Enfim, um evento para quem quer passar bem longe da obsolescência programada e ficar próximo de um clássico do passado, podendo escolher sua década e/ou modelo favorito para reviver ou iniciar uma nova história automotiva.
Texto: Victor Dertassoli
Fotos: Gabriel Guedes
Agradecimentos: Rally Clássico – São Paulo, Old is Cool Motors, Fernando Silotto, Gabriel Guedes
