Ford Ranger Raptor por R$ 448.600: bem melhor que Hilux GR-S?

Ranger Raptor: uma nova picape

A atual geração da Ranger foi lançada recentemente no mercado brasileiro. Por conta da competitividade nos preços, ela já causou um grande alvoroço no segmento diante das rivais, que já ficaram desatualizadas. A Ford está mexendo novamente nessa categoria tão tradicional no mercado brasileiro, mas agora a aposta é muito maior.

Em nosso mercado, muitas unidades da F-150 Raptor foram vendidas através de importação independente, já que a Ford nunca a trouxe de forma oficial. Para nossa surpresa, quem inaugura essa linha esportiva e off-road no Brasil é a Ranger, mesmo que sua proposta esteja um pouco distante das tradicionais picapes médias e até mesmo de suas outras versões.

Ranger Raptor com novo motor

Em suas versões tradicionais, a Ranger pode ser equipada com o propulsor 3.0 V6 turbo diesel, que rende até 250 cv e 61,2 kgfm. Porém, por causa do DNA esportivo, a Raptor emprega um motor 3.0 V6 biturbo a gasolina. Trata-se de um motor exclusivo da linha Raptor, que está disponível também no Ford Bronco Raptor (diferente do Bronco Sport, vale salientar).

Ele entrega até 397 cv de potência aos 5.650 rpm, ou seja, 147 cv a mais que o motor a diesel. Enquanto isso, o torque disponível em 3.500 rpm é de 59,4 kgfm. Isso quer dizer que o torque dos motores é muito próximo, com uma diferença de somente 1,8 kgfm. Merece elogios, já que naturalmente os propulsores a diesel costumam ter um torque bem maior que os movidos a gasolina.

A transmissão utilizada é uma automática do tipo convencional com 10 marchas. A montadora de origem americana diz que o câmbio é da mesma família daquele que já vimos no Mustang e na própria Ranger. Porém, toda a calibração é exclusiva e voltada para performance. O modo manual nunca troca marchas automaticamente, mantendo o motorista no comando dessa função.

A picape mais rápida do Brasil

Com todo esse conjunto mecânico exclusivo, a Ford Ranger Raptor detém o título de picape mais rápida vendida oficialmente no mercado brasileiro, mesmo quando comparada com modelos de segmentos superiores. Isso porque seu 0 a 100 km/h é realizado em somente 5,8 segundos, apesar de ter 2.415 kg.

Para efeitos de comparação, a Ranger tradicional leva 9,2 segundos, enquanto a Maverick FX4 precisa de 7,4 segundos e a F-150 realiza a prova em 7,1 segundos. Quem se aproxima um pouco mais da Ranger Raptor é a RAM 1500 Rebel, com 6,4 segundos.

A velocidade máxima é limitada em 180 km/h, e a montadora traz uma explicação para isso. Segundo ela, a velocidade final pode ser atingida em qualquer terreno, e para isso a Ranger Raptor utiliza os pneus de uso misto (medida 285/70 aro 17). Justamente por culpa deles é que a velocidade precisa ser limitada eletronicamente.

Consumo aceitável

Logicamente o consumo de combustível não é primoroso, afinal, estamos falando de um motor 3.0 V6 biturbo movido apenas à gasolina. Contudo, ainda sim ele não traz números tão decepcionantes. De acordo com a Ford, na cidade são 8,3 km/l. Já na estrada, 10,2 km/l.

Suspensão exclusiva

A picape superesportiva conta com um chassi próprio para a configuração Raptor, que recebe inclusive um conjunto de suspensão exclusivo. Na traseira, por exemplo, a picape troca o tradicional feixe de molas por molas helicoidais, que são mais adequadas à performance e entregam um curso 18% maior.

Já na dianteira a Ford manteve a suspensão do tipo Double Wishbone, também conhecida como braços sobrepostos. O curso também ficou maior, com um ganho de 32% quando comparada com a suspensão das outras versões da nova Ford Ranger.

Ela é equipada ainda com amortecedores Fox Live Valve Shocks ativos. Isso quer dizer que eles conseguem, por exemplo, prever um salto da picape e já deixar o pistão mais rígido, para absorver o impacto no momento em que ela entra em contato com o chão novamente. Outra ocasião de utilização é em uma aceleração máxima, onde os pistões são enrijecidos para maior estabilidade.

Mais um diferencial da Ranger Raptor é o sistema de bloqueio do diferencial dianteiro. O traseiro já estava disponível para camionete, mas também recebeu novidades. Voltado exclusivamente para pisos de baixa aderência, nas versões tradicionais ele é limitado a 40 km/h, enquanto na Raptor tem máxima de incríveis 170 km/h.

Vale lembrar que a Ranger comum já tem a maior capacidade de imersão na água do seu segmento, com 80 cm. Na versão preparada para performance esse número fica ainda maior, chegando a ótimos 85 cm. Isso se deve, por exemplo, a uma entrada de ar mais alta.

Modos de condução e escapamento esportivo

Ao todo são 7 modos de condução diferentes. 4 deles já estão presentes na Ranger comum, como Normal, Escorregadio, Lama/Terra e Areia. Os novos são: Sport, Rock Crawl e Baja. Vale lembrar que os amortecedores ativos também se adequam ao modo de condução. O Sport é indicado para o asfalto, enquanto o Baja, para o off-road.

O novo modo Rock Crawl é voltado para um maior controle em situações de baixa velocidade. Ele prioriza a entrega do torque para superação de obstáculos e terrenos mais difíceis. Há também uma modulação de frenagem e uma alteração na relação das marchas para aumentar a precisão.

As mudanças não param por aí. O escapamento também é inédito na linha Ranger, entregando 4 modos. Cada modo de condução possui um som diferente de escapamento. No silencioso o ruído é muito mais baixo; no esportivo o ruído fica mais intenso em altas rotações, e no baja ele é sempre alto, intenso e agressivo. Existe também o modo normal.

DNA off-road

Nem precisamos dizer que a linha Raptor tem um DNA verdadeiramente off-road, e com a Ranger não é diferente. Nessa configuração mais esportiva, os ângulos de ataque e saída são melhores que a configuração tradicional. O vão livre passa de 23,5 cm para 27,2 cm.

O ângulo de entrada sobe de 30° para 32°, enquanto o de saída vai de 26° para 27°. De acordo com a Ford, ela tem capacidade de aclive máximo de 45°, com a mesma inclinação lateral máxima de 35° das outras versões. O ângulo de rampa foi alterado de 22° para 24°. Diversas regiões inferiores da caminhonete receberam reforços de chapas de aço com 2,3 mm.

Isso é bem mais que os 1,4 mm da versão tradicional. Vale dizer, porém, que a capacidade de carga muda bastante entre as versões da Ranger. Enquanto uma Limited, por exemplo, transporta até 1.023 kg, na Raptor são apenas 715 kg.

Dimensões

Nesse quesito também há mudanças importantes entre a picape normal e a Ranger Raptor. Quase todas as dimensões mudam entre as duas configurações da camionete, até mesmo a bitola (distância entre o centro das rodas de um mesmo eixo), para fornecer maior performance em qualquer terreno.

– Ranger Raptor / Ranger Limited
Comprimento: 5.360 mm / 5.350 mm.
Largura: 2.208 mm / 2.015 mm.
Altura: 1.926 mm / 1.886 mm.
Entre-eixos: 3.270 mm.
Bitola: 1.710 mm / 1.620 mm.

Mais exclusividades

Além de todas as mudanças mecânicas que já citamos, a Ford Ranger Raptor ainda traz alguns equipamentos a mais e design exclusivo. A grade dianteira traz o nome da marca por extenso, enquanto os faróis empregam a tecnologia Matrix full LED. Ou seja, eles são totalmente adaptativos e conseguem recortar outros veículos que trafegam no mesmo ou no sentido contrário.

A lanterna traseira é totalmente iluminada em LED, enquanto a versão Limited tem essa tecnologia só na luz de lanterna e luz de freio. GPS embarcado na central multimídia, bancos esportivos e sistema de som Bang & Olufsen com 8 alto-falantes também estão entre os itens inéditos.

Ainda podemos citar tomada de 120V na caçamba, paddle shifts, interior com acabamentos em laranja, iluminação 360° (luzes de cortesia ao redor do carro) e até mesmo 6 comandos customizáveis que ficam no teto. Eles servem para comandar funções de acessórios que o proprietário pode colocar, como uma barra de LED.

Importada e cara

A nova Ford Ranger Raptor impressiona em todos os quesitos, inclusive no preço. Porém, ao contrário do restante da picape, esse ponto não é agradável. Ela já está em regime de pré-venda no Brasil pelo valor de R$ 448.600. Destoando das outras versões da Ranger (que vêm da Argentina), a Raptor é importada da Tailândia, o que implica em altos impostos de importação.

Quando comparamos o seu preço com o da Limited equipada com pack opcional (R$ 339.990), vemos uma diferença bem grande de R$ 108.610. Entre as picapes médias, a Raptor não tem nenhuma rival direta. Porém, existe a Toyota Hilux GR-S, que também foca em uma proposta mais esportiva.

Nesse caso a diferença de preços também é grande, mas já fica menor do que aquela que citamos anteriormente. Custando R$ 372.890, a Hilux é R$ 75.710 mais barata. Contudo, apesar de mais acessível, é bem inferior à Ranger em praticamente todos os quesitos.

Podemos lembrar também que apesar de um preço alto, a Ranger Raptor custa praticamente o mesmo que o Toyota SW4 Diamond (R$ 433.490) e não fica muito distante do Mitsubishi Pajero Sport Legend (R$ 409.990). Porém, fica relativamente próxima da Ford F-150 Lariat, de R$ 479.990.

Vale dizer também que a novíssima Ranger Raptor está disponível no Brasil em 5 cores diferentes. São elas: Laranja Saara, Azul Belize, Preto Astúrias, Branco Nevasca e Cinza Diamantina. Com exceção da Azul, todas as outras trazem tons exclusivos perante as outras versões. As primeiras entregas da Ranger Raptor estão previstas somente para fevereiro de 2024.

Matéria: Renan Melo.