Habitat natural

Os desafios da Nissan Frontier

Acostumados com carros urbanos, de frentes mais baixas, ao nos depararmos com a primeira picape média que apareceu aqui no Alma Automotiva, ficamos um tanto quanto ansiosos. No trânsito da cidade, olhar boa parte dos carros por cima e ter uma grande caçamba após os bancos traseiros de fato foi uma sensação estranha, afinal, o lugar da Nissan Frontier não era ali.

Certos de que a estrada de terra e seu mundo à parte seriam seu habitat natural, fomos até a Fazenda São José, em Santo Antônio de Posse, localizada a cerca de 140 km de São Paulo, para enquadrá-la no cenário perfeito.

Chão de terra batida, imprevistos criados pela chuva da noite anterior e curvas a perder de vista, era hora de conhecermos, de fato, quem realmente tem bons ângulos de ataque (30,6º) e de saída (27,7º), que por sinal, foram postos à toda prova.

Tivemos o privilégio de pegar a versão LE, que é a topo de linha, contando com diversos itens, a exemplo do teto solar, exclusivo em sua categoria, algo raro em uma picape, visto sua necessidade de torção do chassi reforçado duplo C e carroceria.

Iniciando pelo seu interior, o volante tem boa empunhadura e conta com diversos botões. O bom acabamento do painel e encaixe das peças, bancos com acabamento Premium na tecnologia Zero Gravity e com ajustes elétricos para o motorista, diversas funções de conforto, como tela touch e ar condicionado dual zone tornam sua dirigibilidade muito mais agradável e segura (6 air bags), se familiarizando mais com um sedan do que com um carro de carga, propriamente dito. O câmbio automático tem 7 marchas e modo sequencial. O nível de ruído interno é bom, no que muitas vezes faz o barulho do motor a diesel passar despercebido.

A câmera 360º, que faz parte do Nissan Intelligent Mobility é de grande valia, principalmente quando manobramos seus 5,26 metros de comprimento e 1,85 metro de largura longe da fazenda. Conforto de sobra para enfrentar o que se passa fora dela.

Na terra, as três opções de tração nos davam a percepção de comportamentos dinâmicos distintos: Para carga ou condições de menor aderência, o 4×4 obviamente dá o ”grip” necessário. Na tração 4×2, somente na traseira, ela não só fica mais solta como pode se tornar um divertido brinquedo de 2115 Kg e capacidade de reboque com freio de até 2.885 kg.

O responsável por impulsionar tamanho peso é o motor 2.3 litros de 16 válvulas bi-turbo diesel (uma turbina menor para baixas rotações e uma maior), que gera 190 cavalos de potência a 3750 rpm.

Suspensão traseira Multilink com eixo rígido faz seu rodar confortável e estável, ainda que sua caçamba de 47,3 cm de altura, 1,50 m de comprimento e 1,56m de largura e 1.054 Kg de carga máxima esteja vazia. Sua tampa de abertura só destrava com uma chave manual.

Quilômetros e mais quilômetros em estradas de terra (e um pouco de asfalto), era chegado o momento pelo qual tanto aguardávamos: usar a terceira opção de tração, e jogá-la trilha adentro, com aclives e declives acentuados, facões que mais pareciam crateras e atoleiros (!). Graças ao Zé Tavares, da Fazenda Engenho, que nos proporcionou essa experiência, pudemos testar os limites dessa picape média que teve sua cor azul cayman um tanto quanto modificada pela lama.

Descidas muito inclinadas, na qual usamos o controle automático de descida (HDC) e íngremes subidas com profundos facões não intimidaram a Frontier, que mesmo com pneus mistos 255/60 R18 All Season (com pneus mais propícios  ela pode encarar terrenos ainda mais acidentados) fez bonito no trajeto, em quase todo o percurso de 12 Km na opção 4×4 reduzida. Enfim, a trilha provou que seus 45,9 Kgfm de torque e 24,1 cm de vão livre do solo são mais do que suficientes para vencer dificuldades em terrenos não muito convidativos.

Uma excelente experiência com a Frontier, que nos surpreendeu em diversos aspectos, tendo um comportamento que mescla a robustez de uma picape 4×4 e o conforto de um sedan.
A caçamba, infelizmente, dessa vez ficou vazia, ao contrário de tantas experiências e memórias que ela vai nos deixar. A caçamba, infelizmente, dessa vez ficou vazia, ao contrário de tantas experiências e memórias que ela vai nos deixar.

Texto: Victor Dertassoli

Fotos: Maurício Garcia

Agradecimentos Especiais a Fazenda São José, Fazenda Engenho e Café na Trilha.

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