Megane E-Tech: primeiro Renault premium tem preço de Volvo

Megane E-Tech inaugura uma nova era da Renault no Brasil, mas tem preço de Volvo.

Há muitos anos a Renault do Brasil foca em modelos de baixo custo, mas ela já anunciou que essa estratégia de posicionamento mudará, trazendo carros mais sofisticados para o nosso mercado. O Renault Megane E-Tech chega como o primeiro modelo “premium” da marca, sendo 100% elétrico e custando o mesmo que um Volvo EX30 em sua versão mais cara.

Design

O próprio visual do Renault Megane já mostra esse novo posicionamento da montadora de origem francesa, o que deve ficar cada vez mais presente ao decorrer de novos lançamentos. Na dianteira o destaque fica para o novo logotipo, que até então ainda não era utilizado no Brasil. Também chama atenção o conjunto 100% em LED com faróis inteligentes.

Na lateral a impressão é de que o Megane se tornou um SUV, mas na verdade se classifica como um crossover, ou seja, uma mistura entre algumas categorias, como hatchback, SUV e até uma pitada de minivan. As maçanetas ficam embutidas e saltam para fora quando alguém se aproxima para abrir a porta. Já a moldura da caixa de roda é pintada em black piano para aumentar a sensação de altura.

Esse elemento em preto brilhante contorna toda a carroceria, ficando bem evidente na traseira, onde é encontrado no para-choque bem espesso. Como manda a nova tendência, as lanternas são totalmente iluminadas em LED e interligadas por uma barra luminosa, que é separada apenas pelo logotipo atualizado da Renault.

Interior refinado

Os outros modelos da marca no mercado brasileiro costumam exagerar na utilização de plásticos simples em seus interiores. Porém, no caso do novo Renault Megane, podemos encontrar materiais nobres e de boa qualidade, fazendo jus a essa nova fase de sofisticação da montadora.

Renault Megane E-Tech [divulgação]

Em sua composição o acabamento utiliza materiais refinados, como o Alcântara no painel superior. Os bancos possuem revestimento premium e material têxtil 100% reciclado. Carpete também está presente em algumas regiões, como nos porta-objetos nos painéis de porta.

O painel de instrumentos conta com uma tela totalmente digital de 12,3”, integrada à central multimídia de 9” por uma peça em black piano. Esse é outro recurso de design que está cada vez mais presente nos lançamentos da indústria automotiva em geral.

Dimensões do Renault Megane E-Tech

Quando falamos de porte, o Megane elétrico fica muito próximo de um SUV compacto, como o Hyundai Creta ou o Volkswagen T-Cross. Porém, o entre-eixos (2.685 mm) é mais próximo de um modelo médio, tal como o Volkswagen Taos.

Seu comprimento é de 4.200 mm, enquanto a largura é de 1.768 mm (2.055 mm com retrovisores abertos) e a altura fica em somente 1.519 mm (sem barras de teto), mostrando ser um modelo baixo. O porta-malas tem capacidade para 440 litros, mas a Renault não informou se a medida é feita em VDA ou em litros líquidos.

Renault Megane E-Tech [divulgação]

Motor elétrico e desempenho

Por carregar o sobrenome “E-Tech”, o novo Renault Megane é um modelo totalmente movido a eletricidade. De acordo com a montadora francesa, seu motor elétrico entrega uma potência de 220 cv, com torque máximo de 30,6 kgfm. São bons números, mas ainda inferiores a um Volvo EX30, por exemplo, que possui 276 cv e 35 kgfm.

Apesar do conjunto mais modesto em potência e torque, o desempenho de 0 até 100 km/h ainda é bom, precisando de 7,4 segundos. A velocidade final é reduzida em relação a um modelo a combustão, a fim de preservar a carga e a vida útil das baterias. Sendo assim, o Renault Megane E-Tech atinge no máximo 160 km/h (limitado eletronicamente).

Renault Megane E-Tech [divulgação]
Volvo EX30 Ultra [divulgação]

Autonomia do Renault Megane E-Tech

O novo modelo elétrico da Renault é equipado com baterias de 60 kWh, que pesam 394 kg (1.680 kg no peso do veículo) e são compostas por 12 módulos de 24 células cada. Segundo a empresa, dentro do período de garantia (8 anos ou 160.000 km) a bateria é substituída gratuitamente caso sofra uma deterioração que resulte em um nível inferior a 70% da sua capacidade nominal.

Antes de mencionar os dados de autonomia informados pelo Inmetro, vale lembrar que o programa brasileiro passou a adotar uma redução de 30% no desempenho obtido pelos modelos elétricos no teste de ciclo misto no padrão EPA. Sendo assim, desde janeiro de 2023 todos os carros elétricos vendidos no Brasil passaram a ter uma autonomia reduzida na tabela do Inmetro.

Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]

A Renault informou que sem o conservadorismo exagero do Inmetro, o Megane E-Tech consegue atingir até 495 km de autonomia no uso urbano, passando para 463 km no ciclo rodoviário. Já em percurso misto a autonomia é de 481 km, ou 337 km considerando a redução de 30% aplicada no PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular).

Recarga das baterias

Logicamente o Renault Megane possui o sistema de frenagem regenerativa, que consegue inverter a rotação do motor elétrico para funcionar como um gerador nas frenagens. Ele aproveita a energia cinética (de movimento) que seria completamente desperdiçada e a transforma em energia elétrica para recarregar as baterias.

Renault Megane E-Tech [divulgação]

Contudo, um carro totalmente elétrico precisa ser recarregado na tomada, já que o sistema de frenagem regenerativa é apenas um complemento. No caso do Megane E-Tech, a velocidade máxima de carregamento é de 22 kW em corrente alternada (AC) e 130 kW em corrente contínua (DC).

Sendo assim, de 15% a 80% a bateria pode ser recarregada em 36 minutos (130 kW) ou 1 hora e 50 minutos (22 kW). Vale ressaltar que de série há apenas o cabo de carregamento Modo 3, compatível com terminais trifásicos. Para recarga em um terminal mono ou bifásico (tomada caseira) é necessário adquirir um outro carregador como acessório.

Renault Megane E-Tech [divulgação]

Completo, mas faltam equipamentos

Quando falamos de segurança, o novo Renault Megane E-Tech apresenta itens como frenagem automática de emergência, 7 airbags (um deles entre os bancos dianteiros), alerta de saída de faixa com correção automática, sensores de ponto cego, alerta de tráfego cruzado traseiro com frenagem automática, sensor de fadiga, retrovisor interno digital e piloto automático adaptativo com função Stop And Go.

Há também um sistema que utiliza os sensores de ponto cego para alertar algum ocupante do veículo caso ele tente abrir a porta enquanto outro veículo ou ciclista se aproxima. Entre os itens de destaque informados pela Renault, há rodas de liga-leve aro 18, assistente de partida em rampas, controles de tração e estabilidade, faróis full LED dinâmicos e adaptativos, sensor de pressão dos pneus, modos de condução (Eco, Sport, Comfort e Perso [personalizável]), reconhecimento de placas de trânsito e retrovisores com rebatimento automático, aquecimento, repetidores de seta dinâmicos e luz de cortesia.

Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]

Ele ainda possui sensores crepuscular e de chuva, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, sistema de som Arkamys Auditorium com 6 alto-falantes, iluminação ambiente personalizável, chave presencial, volante com aquecimento, abertura elétrica do porta-malas, carregador de celular por indução e ar-condicionado digital dual-zone com saídas de ar traseiras.

Fica faltando, porém, itens indispensáveis considerando essa faixa de preço, tais como bancos dianteiros com ajustes elétricos, teto-solar elétrico panorâmico, câmera 360° e bancos com resfriamento e/ou aquecimento.  

Renault Megane E-Tech vale a pena?

Vendido em versão única e disponível em somente 3 cores (Cinza Rafale, Cinza Schiste e Azul Nocturne), o Renault Megane E-Tech chega ao Brasil por R$ 279.990. Isso significa que ele custa R$ 40 a mais que a versão de topo do Volvo EX30, de R$ 279.950. Certamente podemos afirmar que esse é o primeiro modelo “premium” da Renault no mercado brasileiro.

Isso significa que seu valor é muito mais justificável que os R$ 239.990 cobrados anteriormente pelo Zoe E-Tech, que acaba de sair de linha por aqui. O modelo era muito menor, tinha um acabamento inferior, menos equipamentos e uma motorização bem mais modesta. Dessa forma podemos notar que a Renault foi muito mais agressiva na precificação do Megane E-Tech.

Renault Zoe E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]

O grande problema é que um BYD Seal custa R$ 296.800, representando somente R$ 16.810 a mais. Pode parecer uma diferença bem considerável, mas considerando essa faixa de preço, não é um valor muito expressivo, principalmente considerando que o Seal possui um motor elétrico com 531 cv, 60,2 kgfm e tração nas quatro rodas.

O desempenho do modelo chinês também é bem melhor, acelerando de 0 a 100 km/h em impressionantes 3,8 segundos e atingindo uma velocidade máxima (limitada eletronicamente) de 180 km/h. A autonomia de 372 km é parecida, mas ainda maior que a do Renault Megane E-Tech (337 km).

Em comparação com o Volvo EX30, que terá suas unidades entregues aos clientes somente em 2024, o desempenho também é bem inferior no Renault. No modelo da marca sueca o 0 a 100 km/h é realizado em 5,3 segundos, chegando aos 180 km/h. Também podemos considerar o BYD Yuan Plus como um rival, custando R$ 269.990. Neste caso o 0 a 100 km/h é feito em 7,3 segundos e a velocidade máxima é definida em 160 km/h.

A conclusão é que sem sombra de dúvidas o Megane E-Tech é o melhor Renault já vendido no mercado brasileiro, mas deveria ter um preço mais competitivo para conquistar seu espaço entre os elétricos vendidos por aqui. Outra alternativa seria o modelo manter esse valor, mas trazendo uma lista de equipamentos um pouco mais luxuosa que a atual.

Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]
Renault Megane E-Tech [divulgação]

Matéria: Renan Melo.

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