Quando a paixão por aquela lasanha que marcou sua infância de repente ganha luz e força, surgindo na forma de um repentino anuncio e, além disso tem-se o apoio e suporte da família e amigos, então aí sim, a história e o valor sentimental do projeto se elevam a um nível de apego e carinho sem explicações.
É o caso da Cy, que realizou isso em dose dupla. Os personagens dessas façanhas, iremos conhecer em breve. O carro certo, que você sonha desde pequena(o),cedo ou tarde, vai chegar até você.
Azulão
A longa história desse pequeno VW de 1962 começa em 2016, na cidade de Piracicaba. Longe dali, as intermináveis fuçadas na internet feitas pela Cy em busca de um carro antigo resultaram no anúncio deste besouro das fotos.
Seu pai, que também gostou do carro, deu um cheque caução para reservar o Fusca. Com a ajuda de seu amigo André, o novo integrante da família chegava à sua garagem em 01/06/2016 e logo no dia seguinte, o desmontaram e deram um banho daqueles. Iniciava-se então, um projeto entre pai e filha que, a princípio, seria para reforma, venda e a posterior compra de um Opala.
Mas o destino preferiu que o batizassem de Azulão, e com isso, criaram um apego com ele. Esse apego cresceu e deu forças a um árduo projeto, mas com uma recompensa inestimável.
E logo ele recebeu as catracas e ficou baixinho, fazendo seu primeiro passeio no Pacaembu, em 2017, ano em que ele ficou um bom tempo parado na oficina. Frente e tanque errados para seu modelo, era o momento de procurar pelos corretos, que foram encontrados em agosto desse mesmo ano. Em 2018, o Baixinho, apelido de um funileiro especialista e muito bom de solda fez a colocação da frente original e do tanque.
Seu amigo André tem um grande conhecimento sobre Fusca e pintura automotiva mas, infelizmente não tinha tempo para arrumar o carro. Nisso, passou-se praticamente um ano e então, encontraram o Giovanni, que sugeriu arrancarem toda sua tinta, deixando-o no metal, para descobrirem todo e qualquer problema que poderia surgir dali. E então, uma grata surpresa: o carro quase não tinha partes podres. Peças importantes como o ”chapéu de Napoleão”, ”cabeça de porco” e o ”bacalhau” eram todos originais do carro. Isso deu um alento às angústias de pai e filha, que conseguiram ver o Azulão retomar forma e cor. E por falar em cor, temos aí uma curiosidade: diferente do típico azul-calcinha dos Fuscas, esse tem exatamente a cor ”Azul Havaí” do Opala 77, uma homenagem à paixão dos seus pais pelo modelo da gravata.
Em 2019 ganhou novas rodas, alargadas e pintadas de bege, e em junho de 2020, recebeu facão regulável e os vidros foram montados. Seu motor foi melhorado, recebendo um 1300 com ignição. No interior, os bancos traseiros ”bananinha” são os originais e recebeu um rádio Blickman de 1964 em pleno funcionamento. Teimoso que é, quando querem dar a seta, ele às vezes buzina. Típico de um carro com personalidade, que ainda quer viajar do mar à montanha, sendo a alegria sobre rodas de pai e filha.
Em 10/12/2020 foram buscar o Azulão, que estava em processo de montagem do facão regulável. No caminho de volta, a chuva forte atrapalhou um pouco e, para piorar, sua bobina ferveu. Mas ele não estava sozinho…
Mady
…Afinal, em 2020 o Azulão já contava com sua fiel escudeira. Vinda de outra marca conterrânea, a Mady, nome carinhoso dado à BMW E36 1998 foi o sonho de infância da Cy, que se tornou real após ela vender seu então Fiat Punto.
A E36 era de uma senhora, que ganhou de presente de seu esposo. O carro era pouco usado, o que o preservou muitíssimo bem. Após o falecimento dessa mulher, o carro foi colocado à venda e caiu nas mãos certas. Sendo assim, a Cy é a segunda dona da Mady.
Diversos problemas mecânicos e outras dores de cabeça mesmo assim não a fizeram desistir. Muito pelo contrário: sua família e amigos a incentivaram de várias maneiras e depois de muitos percalços, eis a Mady em sua vitalidade, com aerofólio e rodas BBS ’17.
Tanta emoção em dose dupla em uma só garagem mereciam uma série de fotografias de alta qualidade, trabalho que ficou a cargo de @morrizz18 e @ga.ragem .
Texto: Victor Dertassoli
Fotos de Capa: Maurício Garcia