Prova de democracia

O Rally Clássico de São Paulo

Do Jeep Willys CJ 1957 ao Fiat Toro 2022, oito décadas automotivas foram representadas, cada qual ao seu estilo: dos pára-choques cromados ao touch screen, do pequeno Vivio à grande Ranger Laryat, do exagero do um muscle car à simplicidade de um Fusca, foi um desfile de 24 marcas diferentes, todas elas largando do tapete vermelho, em frente a um dos maiores cartões postais de São Paulo, o Teatro Municipal.

O Rally Clássico de São Paulo, realizado pela DIB Racing e Oficina Motorfast, com o apoio da Old is Cool Motors, Rusty Barn, JS Autos Antigos e 455 Garage em 19 de fevereiro de 2022 foi, além de um sucesso, uma competição democrática.

Se você pensa que um turbo, remap ou qualquer dado de ficha técnica possa obter vantagens de posição nessa prova, se enganou. Aqui, a sincronia, comunicação entre piloto e navegador e o controle sobre o carro é o que valem.

A bordo da Olga (apelido carinhoso que eu mesmo dei à bela C280), toda uma estrutura foi montada para seguir com nosso primeiro Rally de regularidade: dois celulares (navegador e piloto), uma câmera no teto, combustível de cockpit (água, refrigerante e salgadinhos) e dois mentecaptos dispostos a fazer o melhor (com muita piada ruim inclusa) no trajeto que nos aguardava.

Às nove horas e dezesseis minutos é dada a nossa largada (carro nº 74 no grid): a tulipa (diferentes símbolos com indicativos específicos de cada ponto de passagem e aferição) nº 1 no livro de bordo e nos mostradores deu início ao nosso percurso. Sendo a meta fazer a menor margem de erro possível (nunca estar adiantado nem atrasado, e sim, sempre no crivo de tempo e espaço disposto no cronograma), o desafio estava lançado.

Números e mais números acompanhados das tulipas e alertas sonoros eram o suficientes para, logo de início, deixarem eu e o Maurício um tanto quanto desnorteados. O que fazer? E se errarmos? Do centro de São Paulo até Taubaté, passamos por 401 tulipas, alguns perrengues, erros de aferição, e aquela camaradagem ao parar nos postos e perceber que não éramos os únicos a estarmos perdidos. Sempre tentando a melhor sincronia e comunicação. Passar em cada ponto da tulipa no mapa, no tempo e velocidades corretos é um desafio para a paciência, pois reduzir de 52 Km/h para 40 Km/h e depois para 37 Km/h exige pura concentração e comandos precisos.

Realmente deve ter sido um belo percurso com paisagens incríveis. Mas não, não vimos quase nada disso. Focados totalmente no roteiro do livro de bordo e em não cometer tantos deslizes (risos), a prova foi mais do que uma novidade e aprendizado; foi diversão total.

Na classificação geral, entre os 91 carros que concluíram a prova, ficamos em 58º lugar e em 24º na nossa categoria (futuros clássicos). Nada mal para dois iniciantes.

Mais do que a grande satisfação em competir numa prova dessas, é notar a diversidade que o mundo automotivo proporciona, não somente na extensa gama de opções de modelos e gerações, como também em diversas modalidades de se competir e, por que não, se divertir a bordo dessas maravilhas das quatro rodas!

Texto: Victor Dertassoli

Fotos: Gabriel Guedes

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