Sedans têm figura cativa na cultura automotiva brasileira. Diversos ‘’três volumes’’ nacionais (e você, algum sedan marcou a sua vida?) se destacaram e fizeram seu legado nas ruas, pistas e rendem longas conversas entre amigos e familiares.
O início das importações na década de 90 escreveu outro importante capítulo nessa história, o qual mudaria de vez o senso crítico a respeito de muitos aspectos: desde a engenharia e tecnologia embarcada em cada detalhe da construção de um carro importado até o simples e puro prazer de dirigir.
E nesse desembarque, para a nossa alegria, tivemos vários modelos alemães, sendo um deles a BMW série 3, que teve um apelo fortíssimo por aqui, sempre com seus status de esportividade e luxo, trazendo não somente a linha M, mas firmando sua apaixonada legião de fãs tupiniquins (oi, eu também faço parte dela). Mas… uma categoria acima dessa fala em uma linguagem própria…
O sonho (lasanhice) encarnado de uns, a aposentadoria rebelde de outros, a série 5 dos sedans bávaros ocupa um patamar que beira ao enigmático do imaginário de muitos (incluindo aqui o que vos escreve).
Mantendo diversas características das anteriores e ainda assim com seu jeitão de anos 90, chega aqui no Alma a quarta geração (E39) da série 5, cheia de charme e algumas peculiaridades, como as rodas da M Sport e soleiras com o logo M.

Produzida entre 1995 e 2003, a geração E39 da série 5 teve diversas configurações e motores a diesel e gasolina e inclusive a carroceria station wagon, passando por um reestilização no início dos anos 2000.
Mesmo ainda não sendo o super sedan (uma maravilha da engenharia) M5, a 540i arranca sinceros sorrisos do rosto de quem a acelera, podendo sentir seu torque de 44,9 kgfm em pronta dispersão para as rodas traseiras, auxiliadas pela suspensão independente multibraço, que fazem bonito em retas e curvas.
Esse exemplar da 540i motorsport é do ano de 2002 e conta com vários itens de segurança e mimos tecnológicos em quantidade equilibrada, pois trazem conforto e praticidade sem anestesiar a alegria de guiar.
Couro legítimo, madeira e outros materiais de alta qualidade em arremates perfeitos fazem um invólucro de luxo e performance e ergonomia perfeitos. Empunhadura de volante, bancos, textura de acabamentos realmente falaram a mesma língua aqui dentro e resultaram em algo que até dispensa mais explicações.

Design de Joji Nagashima (se soubesse, ele ficaria fulo sobre a minha explicação do que vem a seguir), estilo a la 90, estilo ‘’sabonete’’ (linhas horizontais e meticulosamente posicionadas, com transições suaves entre as superfícies e arestas arredondadas) tamanho família mantém as tradicionais grades bipartidas, os redondos e duplos faróis, a típica acentuação da coluna C e a linha que percorre das laterais até a traseira, fazendo a clássica divisão das lanternas, onde a ré/pisca alerta ficam na parte superior da linha.
DNA preservado e harmonia garantida nesse sedan que dispensa elogios quanto ao design. A semiótica trabalha com maestria nesse modelo.

E o que dirá quanto ao seu coração, um robusto V8 de 4.4 litros que uniu o lado provocante da marca alemã a toda a sobriedade e calmaria transmitidas por uma carroceria sedan. De fato, uma combinação perfeita, em que os 286 cavalos de potência levam seus 1675 Kg de 0 a 100 Km/h em 6,4 segundos, guiados com um cambio automático de 5 marchas.

Tantos números ainda assim não conseguem transmitir a sensação de se guiar tamanha robustez com um conforto milimetrado.
Mais que um sedan esportivo ou qualquer dado técnico ou status embutidos em sua fama, o 540i é paixão pura.
E paixão não se discute.
Texto: Victor Dertassoli
Fotos: Maurício Garcia
Agradecimentos: Old is Cool Motors















